Comportamentos da Curva de Oferta

AUTORIA
José Vieira do Nascimento Neto
Ana Lívia Cazane
Especialista em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas - FGV
Mestre em Engenharia da Produção pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP
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Consultor Financeiro desde 2018, com atuação em São Paulo (capital e interior). Professor universitário de disciplinas como Empreendedorismo, Administração e Economia desde 2015. Possui graduação em Tecnologia em Informática para Gestão de Negócios pela Faculdade de Tecnologia de Garça (2006), Pós-Graduação em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas - FGV Marília (2013) e, Pós-Graduação em Educação no Ensino Superior - Facap (2016).

Currículo Lattes

Graduada em Administração de Empresas e Agronegócios pela Universidade Estadual Paulista - Tupã. Doutoranda em Ciências da Informação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP/Marília), Mestre em Engenharia da Produção pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP/Bauru). Coordenadora de cursos de graduação e pós-graduação na Universidade de Marília (UNIMAR). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Informação, Conhecimento e Inteligência Organizacional da Unesp/SP. Atua principalmente nos seguintes temas: Gestão do Conhecimento e Gestão da Cadeia de Suprimentos.

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Caro aluno, antes de dar continuidade às nossas análises é importante introduzirmos o conceito coeteris paribus aplicado tanto para análise da demanda quanto para análise da oferta.    

Para exemplificar, observando os determinantes da oferta, verificamos que todos podem variar, simultaneamente, ficando difícil avaliar o efeito que cada um deles, isoladamente, exerce sobre a oferta.

Para tentar contornar esse problema vamos nos valer da imposição da condição coeteris paribus, expressão latina que significa tudo o mais permanecendo constante. Permitimos, por exemplo, que o preço de um produto se modifique, fazendo a suposição de que o preço dos fatores de produção, a tecnologia, o preço dos outros bens, as expectativas e as condições climáticas (quando for o caso) permaneçam inalterados (isso não significa dizer que esses fatores não existam, mas tão somente que o seu valor permanece o mesmo durante a análise). Assim procedendo, conseguimos identificar o efeito que somente as mudanças de preço provocam nas quantidades ofertadas do produto analisado. Dizemos, então, que a quantidade ofertada desse bem depende do seu preço, coeteris paribus.

Da mesma forma que a demanda, a oferta de um determinado bem ou serviço depende de vários fatores, dentre eles, podemos destacar:

1

O preço do bem.

2

Os preços dos fatores de produção e dos insumos.

3

A tecnologia.

4

Os preços dos outros bens.

5

As expectativas.

6

As condições climáticas.

O Preço do Bem

De acordo com os autores Nogami e Passos (2016), normalmente, podemos esperar a existência de uma relação direta entre a quantidade ofertada e o preço. Nessas condições, quanto maior for o preço de um bem (ou serviço), maior deverá ser sua quantidade ofertada no mercado. Da mesma forma, quanto menor for o preço de um bem (ou serviço), menor deverá ser sua quantidade ofertada no mercado.

É certo de que na análise do comportamento do ofertante devem ser sempre relacionados o custo de produção e/ou distribuição e a receita total a obter. Se o preço de venda alcançado pelo produto no mercado não for suficiente para cobrir o custo de produção, não haverá estímulo para se oferecer a mercadoria. Essa relação entre quantidade e preço deverá apresentar, portanto, um limite mínimo dado pelo custo de produção; deverá apresentar também um limite máximo, dado pelo pleno emprego dos fatores de produção, quando então a quantidade ofertada se tornará constante, independentemente das elevações de preços que possam vir a ocorrer (NOGAMI e PASSOS, 2016).

Os Preços dos Fatores de Produção e dos Insumos

O fator mais provável de fazer a curva de oferta por um produto se deslocar é a variação no preço de um insumo. Um insumo é qualquer coisa utilizada na produção de um bem ou serviço (HUBBARD e O’BRIEN, 2010). Por exemplo, se o preço de um componente do celular, como o microprocessador, aumenta, o custo de produzir os celulares também aumenta, e os celulares serão menos lucrativos por cada preço.

Além disso, a quantidade de um determinado bem que um produtor individual deseja oferecer no mercado depende dos preços dos fatores de produção. De fato, os preços pagos pela utilização dos fatores de produção, juntamente com a tecnologia empregada, determinam o custo de produção. Reduções nos preços desses fatores (nos níveis salariais, nos preços de matérias-primas, nas despesas de capital etc.) diminuem os custos, tornando a produção mais lucrativa. O aumento na lucratividade estimula a empresa a aumentar a produção e a oferta de seu produto no mercado (NOGAMI e PASSOS, 2016).

Inversamente, elevações nos preços dos fatores de produção acarretam aumentos de custos e diminuição na lucratividade, desestimulando a produção e diminuindo a oferta.

A Oferta e a Tecnologia

O avanço tecnológico exerce grande influência sobre a capacidade produtiva das empresas, porque avanços tecnológicos que permitam obter um volume maior de produção a custos menores, aumenta a lucratividade da empresa, estimulando a produção e aumentando a oferta do bem produzido por essa empresa no mercado.

Exemplificando: a introdução de uma nova máquina que permita obter uma produção maior por unidade de tempo permitirá que a empresa que adote essa nova máquina aumente a quantidade a ser ofertada desse produto no mercado.

Graficamente, o que ocorre com a oferta, caso ocorra uma melhora tecnológica que aumente a produtividade das firmas?

A melhora tecnológica causa um deslocamento do gráfico para a direita, o que significa que, seja qual for o nível de preços, as empresas são capazes de produzir uma maior quantidade de bens, sejam eles produtos ou serviços. Aluno, observe que ao alterar a produtividade das empresas, haverá um deslocamento de toda a oferta no gráfico.

Figura: Impacto do avanço tecnológico sobre a oferta

Gráfico que mostra que quanto maior o avanço tecnológico, maior a quantidade de bens ofertados.

A Oferta e o Preço dos Outros Bens

A oferta de um produto poderá ser afetada pela variação nos preços dos bens que sejam substitutos ou complementares na produção.

No caso dos bens substitutos na produção, podemos considerar aqueles bens que são produzidos com aproximadamente os mesmos recursos, como, por exemplo, o milho e a soja. Se ocorrer aumento no preço da soja, tornando essa cultura mais lucrativa e atraente que a cultura do milho, o agricultor que cultiva milho poderá se interessar em plantar soja. Se isso ocorrer, teremos como consequência aumento na área cultivada e na produção de soja, e diminuição na área cultivada e na produção de milho. Devemos observar que a redução na oferta de milho se dá em função do aumento no preço da soja (NOGAMI e PASSOS, 2016).

Os bens complementares na produção, por sua vez, são aqueles que apresentam alteração na produção em virtude da variação de preço de outro bem. Esse é o caso da carne e do couro. Exemplificando: um aumento no preço da carne poderá provocar um aumento no abate e, como consequência, um aumento na oferta de couro. Inversamente, uma diminuição no preço da carne deverá provocar uma diminuição na oferta de couro (NOGAMI e PASSOS, 2016).

As Expectativas

Se uma empresa espera que o preço de seu produto será mais alto no futuro do que é hoje, ela tem um incentivo para diminuir a oferta agora e aumentá-la no futuro.

Por exemplo, se um criador de gado acredita que haverá um aumento no preço da carne no futuro, é provável que retenha o fornecimento atual de gado para o abate, a fim de aproveitar preços mais altos posteriormente. Isso provoca uma diminuição na oferta atual de carne.

A Oferta e as Condições Climáticas

Relativamente a alguns produtos, especialmente produtos agrícolas, as condições climáticas exercem grande influência na oferta. Exemplificando: uma fazenda na qual se produza café poderá sofrer uma grande redução na produção desse bem caso ocorra uma geada. Se isso acontecer, a oferta de café por parte desse produtor deverá diminuir (NOGAMI e PASSOS, 2016).

na prática

Aluno, observe nesta tabela adaptada de Hubbard e O’Brien (2010) como a curva de oferta se comporta em cada cenário:

tabela que mostra o que acontece com a curva de oferta quando ocorrem tipos diferentes de aumentos na empresa. Quando ocorre o aumento no preço de um insumo, a curva se desloca para a esquerda porque os custos para produzir um bem aumentam. Quando ocorre um aumento na produtividade, a curva se desloca para a direita porque os custos para produzir um bem diminuem. Quando ocorre um aumento no preço de um substituto na produção, a curva se desloca para a esquerda, porque são produzidos mais substitutos e menos do bem. Quando o número de empresas no mercado aumenta, a curva se desloca para a direita, pois a presença de mais empresas resulta em uma maior quantidade ofertada por todos os preços. Quando ocorre um aumento no preço futuro esperado do produto, a curva se desloca para a esquerda, porque menos do bem será colocado à venda.

Existe uma diferença entre uma variação na oferta e uma variação na quantidade ofertada. Uma variação na oferta refere-se a um deslocamento da curva de oferta. A curva de oferta se desloca quando ocorre uma variação em uma das variáveis que não seja o preço do produto e que afete a disposição dos fornecedores para vender o produto. Uma variação na quantidade ofertada refere-se a um movimento ao longo da curva de oferta em consequência de uma variação no preço do produto.

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