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Professor

Me. Henrique Lacerda Nieddermeyer

O Ambiente Empreendedor

Audiobook

Prezado aluno, vivemos em um ambiente com foco na redução de custos e na busca constante pela máxima produtividade. A pressão sobre os colaboradores mostra-se intensa na perseguição por resultados. Como sobreviver nesse cenário? A única certeza que temos atualmente é a de mudanças constantes.

Na época de nossos avós, um trabalhador passava várias décadas em uma mesma empresa, o que era sinal de status, de trabalhador exemplar. No entanto, hoje um colaborador passa em média 2 anos em uma organização e já é absorvido por outra.

As organizações que antigamente exerciam todas as funções da cadeia produtiva hoje se satisfazem em serem responsáveis por apenas uma dessas etapas. As demais etapas passaram a ser terceirizadas para outras empresas ou para os seus próprios colaboradores.

Seguindo a máxima schumpeteriana, empreender é um ato econômico, de transformação de recursos – sejam eles quais forem – em riquezas, típico da abordagem da economia. Se observarmos que o modelo econômico hegemônico é o capitalismo, certamente podemos inferir que o empreendedorismo em sua essência é uma resposta deste modelo à necessidade de desenvolvimento constante e geração e acumulação de riquezas. Diversos autores corroboram essa ideia, de que o empreendedor seja “o motor da economia”, um agente de mudanças.

Fonte: Freepik.

Há, no entanto, abordagens do empreendedorismo mais ligadas ao comportamento do indivíduo, na chamada teoria comportamentalista, para a qual empreendedorismo:

Significa a atitude psicológica materializada pelo desejo de iniciar, desenvolver e concretizar um projeto, um sonho. Significa ‘ser empreendedor’. Diante desta perspectiva, reafirmamos que o empreendedorismo é algo que transcende o campo dos negócios e da economia (SOUZA NETO, 2003, p. 112 apud LEITE; MELO, 2008, p. 37).

Segundo Leite; Melo (2008), por esta teoria comportamentalista, o “empreendedor” é compreendido mais por seus atributos psicológicos do que por sua ação econômica. Estaria, dessa forma, o desejo de empreender ligado à motivação do indivíduo, seu desejo de realização e obtenção de sucesso.

De acordo com Filion (1999), o autor que realmente iniciou as contribuições sobre as ciências do comportamento para o empreendedorismo foi David Clarence McClelland, um psicólogo social norte-americano, que viveu durante quase todo o século XX, cujas teorias da “necessidade de realização” permeou seu trabalho. Porém, é bom que se frise que não necessariamente uma teoria é excludente à outra. Por vezes, é possível traçarmos paralelos e complementariedades entre elas, o que nos dá um cenário mais completo e informativo do ato de empreender.

Uma vertente que tem conquistado destaque nos últimos anos é a dos traços de personalidade, em que até mesmo características como gênero são levadas em consideração para buscar-se compreender a ação empreendedora. Podemos resumir as principais linhas de pensamento sobre empreendedorismo no Quadro 1, a seguir:

Quadro 1 - Principais linhas de pensamento do Empreendedorismo

A visão dos economistas Existe concordância entre os pesquisadores do Empreendedorismo de que os pioneiros no assunto teriam sido os autores Cantillon (1755 e Jean-Baptiste Say (1803;1815;1816).
Para Cantillon, o empreendedor (“entrepreneur”) era aquele que adquiria a matéria-prima por um determinado preço e a revendia a um preço incerto. Ele entendia que, se o empreendedor obtivesse lucro além do esperado, isto ocorrera porque ele teria inovado (Filion, 1999). Desde o século XVIII já associava o empreendedor ao risco, à inovação e ao lucro, ou seja, eles eram vistos como pessoas que buscavam aproveitar novas oportunidades, vislumbrando o luro e exercendo suas ações diante de certos riscos.
Diversos economistas mais tarde associaram, de um modo mais contundente, o empreendedorismo à inovação e procuraram esclarecer sobre a influência do empreendedorismo no desenvolvimento econômico.
 
A visão dos behavioristas Na década de 1950, os americanos observaram o crescimento do império soviético, o que incentivou David C. McClelland a buscar explicações a respeito da ascensão e declínio das civilizações. Os behavioristas (comportamentalistas) foram, assim, incentivados a traçar um perfil da personalidade do empreendedor (Filion, 1999).
O trabalho desenvolvido por McClelland (1971) focalizava os gerentes de grandes empresas, mas não interliga claramente a necessidade de autorrealização com a decisão de iniciar um empreendimento e o sucesso desta possível ligação (Filion, 1999; Leite, 2000).
A escola dos traços de personalidade
 
Ainda que a pesquisa não tenha sido capaz de delimitar o conjunto de empreendedores e atribuir características certas a este, tem-se propiciado uma série de linhas mestras para futuros empreendedores, auxiliando-os na busca por aperfeiçoar aspectos específicos para obterem sucesso (Filion, 1991a) Dado o sucesso limitado e as dificuldades metodológicas inerentes à rodagem dos traços, uma orientação comportamental ou de processos tem recebido grande atenção recentemente.
 

Perceba, pelo Quadro 1 apresentado, que as abordagens das teorias sobre empreendedorismo seguem linhas de tempo bastante específicas e, especialmente na atualidade, há um esforço em se associar ao empreendedorismo os traços de personalidade do próprio empreendedor.

Se aprofundarmos a análise histórica do desenvolvimento do conceito de empreendedorismo, chegaremos a dois nomes importantíssimos: Richard Cantillon e Jean-Baptiste Say. Estes dois personagens são, por definição, economistas, o que não surpreende, pois em suas respectivas épocas de vida ainda não havia um claro estabelecimento das chamadas ciências gerenciais. Cantillon, cuja família era originária da Normandia, França, viveu no final do século XVII e início do século XVIII, e foi um banqueiro ávido por lucros originários de negócios diversos.

Figura 1 - Richard Cantillon e Jean-Baptiste Say

Retratos em preto e branco de Richard Cantillon e Jean-Baptiste Say.

Fonte: Wikipedia Disponível aqui Disponível aqui

Para tanto, não se eximia de colocar seu próprio capital em risco, com o objetivo de obter rendimentos do capital investido. Segundo registros históricos, Cantillon era capaz de analisar uma oportunidade, identificando elementos já lucrativos e outros que poderiam ser no futuro. Apesar da palavra “empreendedorismo” já ter sido utilizada antes mesmo de Cantillon, é atribuído a ele o mérito por ser o primeiro a oferecer uma clara concepção da função empreendedora como um todo (FILION, 1999). Também lhe é atribuído o uso da palavra francesa entrepreneur (da qual se deriva, segundo vários autores, o termo “empreendedor”) para descrever um indivíduo que assume riscos.

Jean-Baptiste Say – também classificado como um economista, de origem francesa, que viveu entre o final do século XVIII e início do século XIX – interessava-se pela expansão da revolução industrial ocorrida na Grã-Bretanha, para que chegasse à França e, para possibilitar isso, preparou o arcabouço teórico que reunia os princípios que alavancaram a Revolução Industrial britânica com os pensamentos de Adam Smith, de quem era admirador.

De acordo com Oliveira (2014), o empreendedorismo no Brasil, em sua maior parte, é baseado em micro, pequenos e médios negócios. De fato, o início de um novo negócio geralmente é de porte menor e, caso prospere, seguirá o caminho natural de crescimento e expansão. Porém, no Brasil muitos negócios permanecem pequenos, mesmo se passando muitos anos. Isto pode ser explicado, em parte, pelo fato de que esses empreendimentos permanecem com características de negócios familiares e tendem a não se perpetuar nas gerações que sucedem o fundador. Oliveira (2014) afirma que apenas cerca de 30% em média das empresas familiares sobrevivem à primeira geração.

Uma boa ferramenta para efeitos comparativos entre o nível de empreendedorismo entre países – o Brasil incluído nesse rol – são os estudos do GEM (Global Entrepreneurship Monitor). Essa base comparativa é realizada com base no PIB, na renda per capita e quotas de exportação e formam basicamente 3 grupos de países, para efeitos de comparação, quais sejam:

Países impulsionados por fatores – são caracterizados pela predominância de atividades com forte dependência dos fatores trabalho e recursos naturais;

Países impulsionados pela eficiência – são caracterizados pelo avanço da industrialização e ganhos em escala, com predominância de organizações intensivas em capital;

Países impulsionados pela inovação – são caracterizados por empreendimentos intensivos em conhecimento e pela expansão e modernização do setor de serviços (GEM, 2015, p. 20 apud SEBRAE, 2016).

O Brasil está elencado no grupo de países impulsionados pela eficiência, sendo incluídos pelo GEM nesse rol comparativo, além do Brasil, a Argentina, Barbados, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Panamá, Peru, Porto Rico e Uruguai, no recorte geográfico composto por América Latina e Caribe. Os relatórios do GEM apontam três fatores considerados limitadores para as atividades empreendedoras no Brasil: falta de políticas governamentais, de apoio financeiro e de educação e capacitação.

Fonte: Freepik.

Caro aluno, a burocracia e a alta carga tributária, geralmente, sempre são citadas como fatores limitantes à atividade empreendedora nacional. As condições para o empreendedorismo (favoráveis ou desfavoráveis) são elencadas em um conjunto de nove categorias por Ferreira; Santos; Serra (2010), conforme podem ser visualizadas na Figura 1 a seguir:

Figura 1 - Condições nacionais para o empreendedorismo

Esquema que ilustra as condições nacionais para o empreendedorismo, a saber: mercado financeiro, grau de abertura, governo, instituições, gestão, infraestrutura, tecnologia P&D, mercado de trabalho e educação.

Fonte: Ferreira; Santos; Serra (2010).

Prezado, acadêmico, a superação dos entraves e o enfrentamento das condições adversas são essenciais para que o empreendedorismo no Brasil atinja os patamares que nossa economia exige. Em que pese todas as dificuldades do ambiente empreendedor, somos brasileiros e não desistimos nunca!  Uma das saídas para superarmos tais condições é, sem dúvida, a nossa garra e nosso potencial de inovação.

Portanto, ao decidir empreender no setor da gastronomia, procure se aconselhar com quem realmente entende do ramo. Busque ajuda de profissionais competentes. O empreender exige, além de esforço e muita dedicação, o empenho de recursos financeiros. Recursos financeiros têm um elevado custo e precisam ser bem tratados. O dinheiro não admite desaforos! Uma dica importante é que se busque o SEBRAE para dirimir dúvidas de como abrir o negócio e mesmo depois, de como conduzir os negócios!

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Nesta aula estudamos:

  • O Ambiente Empreendedor

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