A Teoria Comportamental surgiu como crítica e oposição à Teoria Clássica e à Teoria da Burocracia e parcialmente à Teoria das Relações Humanas. Destaca-se que a Teoria Comportamental é extensa, contendo um conglomerado de teorias e autores que contribuíram com tal corrente teórica.
Nesta aula, vamos abordar brevemente as origens da teoria comportamental e novos apontamentos acerca da motivação humana. Em seguida, serão vistas a Pirâmide Hierárquica das Necessidades de Maslow, a Teoria dos Dois Fatores e a Teoria “X” e “Y”.
Conhecido como o precursor da Teoria Comportamental, Herbert Alexander Simon nasceu e morreu nos Estados Unidos (1916-2001). Atuou como pesquisador e economista, gerando contribuições para diversas outras áreas. Em 1978, ganhou o Prêmio Nobel de Economia. Dentre as obras que escreveu, em 1947 publicou “Administrative Behavior”, em português, “Comportamento Administrativo”, livro que marcou o começo dos estudos da Teoria Comportamental. Nele, Simon aponta críticas à corrente da Teoria Clássica e, com ressalvas, apoia a Teoria das Relações Humanas. É nesse contexto de discordância entre Teoria Clássica e Teoria das Relações Humanas que emerge a Teoria Comportamental, que pode ser considerada o estágio seguinte da Teoria das Relações Humanas.
Nessa linha, surgem estudos sobre o “Comportamento Organizacional”, que tem como base o comportamento de cada indivíduo. Para o estudo do comportamento individual, foi necessário o aprofundamento nos estudos da motivação humana, assunto que já contava com um considerável arcabouço teórico. Em se tratando do comportamento humano e da motivação humana, os autores da linha de estudo comportamental entendem que o administrador deve conhecer as necessidades humanas para utilizar isso a favor da organização (CHIAVENATO, 2014). Nesse ponto, o autor Abraham Harold Maslow (1908-1970) acrescentou uma importante contribuição a fim de entender a motivação humana baseada em suas necessidades.
Pirâmide Hierárquica das Necessidades de Maslow
A teoria proposta por Maslow baseia-se na proposição de que o ser humano possui uma hierarquia de necessidades. No nível mais baixo dessa hierarquia, têm-se as necessidades mais básicas do indivíduo, que são as fisiológicas, passando por outros tipos de necessidades, chegando até as necessidades de autorrealização.
A seguir, temos a Pirâmide Hierárquica das Necessidades de Maslow, e na sequência é descrito mais detalhadamente cada um dos tipos de necessidade.
Figura 11 – Pirâmide Hierárquica das Necessidades de Maslow | Fonte: Adaptado de ROBBINS (2002).
Segundo Maslow (1954), entre as necessidades do indivíduo estão:
- Necessidades Fisiológicas: alimentação, água, sono, sexo, entre outras necessidades de nível básico para qualquer indivíduo;
- Necessidades de Segurança: proteção, isolado de perigo e ameaças;
- Necessidades Sociais: família, amizades, relacionamentos, fazer parte de grupos aos quais se identifica;
- Necessidades de Estima: ser amado e respeitado, ser digno de amor, ter reconhecimento;
- Necessidades de Autorrealização: crescimento, autocontrole e desenvolvimento pessoal, entre outros fatores. É o nível mais alto de necessidades do indivíduo.
Teoria dos Dois Fatores de Herzberg
Além de Simon e Maslow, outro importante autor que contribuiu para a Teoria Comportamental foi Frederick Herzberg, que aponta que na organização existem dois fatores que determinam o comportamento dos indivíduos. São os fatores motivacionais e os fatores higiênicos.
Os fatores motivacionais são aqueles relacionados ao conteúdo do cargo que o trabalhador exerce. Como exemplo, é possível citar desenvolvimento, crescimento e autorrealização. São classificados como motivacionais, pois estão diretamente ligados à satisfação que o trabalhador possui na execução de suas tarefas.
Já os fatores higiênicos referem-se aos pontos do ambiente de serviço. Para exemplificar, podemos citar condições de trabalho, segurança e salário. Esses fatores são denominados higiênicos, pois têm como objetivo prevenir que ocorra a insatisfação dos trabalhadores dentro da organização.
Destaca-se que os fatores motivacionais fazem referência ao processo de satisfação do indivíduo, e os fatores higiênicos fazem referência ao processo de insatisfação do indivíduo. Em outras palavras, significa que as condições estabelecidas pelos fatores motivacionais podem gerar somente satisfação ao trabalhador, e nunca insatisfação - enquanto ocorre o oposto com os fatores higiênicos, que podem gerar apenas insatisfação ao trabalhador e nunca satisfação. Exemplificando, no fator higiênico, tem-se a segurança do trabalhador, que, por sua vez, somente poderá gerar a não insatisfação dele. Nesse exemplo, o trabalhador não vai ter satisfação pela presença da segurança, mas somente vai gerar uma não insatisfação.
Teoria “X” e “Y”
O autor da Teoria “X” e “Y” é Douglas McGregor, que nessa teoria compara dois tipos de gestão. O primeiro é descrito como Teoria “X” e está ligado a um modelo mais tradicional, enquanto o segundo é descrito como Teoria “Y” e está ligado a um modelo mais moderno.
Na Teoria “X” há um modelo de gestão que vê as pessoas como recursos de produção, cuja teoria diz que os trabalhadores:
I) são preguiçosos por natureza;
II) não têm ambição;
III) são resistentes a mudanças e;
IV) as dependências os tornam incapazes de autocontrole e autodisciplina.
Ressalta-se que essa teoria está mais próxima dos apontamentos das teorias presentes na Administração Científica, na Teoria Clássica e na Teoria da Burocracia em diferentes etapas (CHIAVENATO, 2014).
Já a Teoria “Y”, que está mais próxima da Teoria Comportamental, propõe o oposto da Teoria “X”, em que os trabalhadores:
I) não têm desprazer em trabalhar;
II) não são resistentes às necessidades da empresa;
III) possuem automotivação e potencial de desenvolvimento e;
IV) aceitam e procuram assumir responsabilidades (CHIAVENATO, 2014).
Portanto, a partir das pressuposições apresentadas para a Teoria “X” e para a Teoria “Y”, observa-se que a primeira tende para um modo mais rudimentar de gestão e enxerga os trabalhadores apenas como recursos para a produção. Já a segunda detém um modelo mais participativo, considerando os trabalhadores como um ponto importante dentro do sistema produtivo.
O estudo de caso intitulado: “Satisfação no trabalho: indicador de qualidade no gerenciamento de recursos humanos em enfermagem”, publicado na Revista de Escola de Enfermagem da USP.
Esse estudo apresenta os fatores geradores de satisfação no trabalho de enfermeiros em um hospital da cidade de São Paulo. O intuito da pesquisa é identificar os fatores geradores de satisfação para que, em um segundo momento, sejam elaborados indicadores para avaliar a qualidade do gerenciamento de recursos humanos na área de enfermagem. Tal trabalho faz menção à Teoria dos Dois Fatores de Herzberg apresentado nesta aula, e aprofunda ainda mais nas teorias e autores que tratam sobre a satisfação no trabalho.
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Para finalizar esta aula e gabaritar o conteúdo desta disciplina, é importante que você se lembre dos seguintes pontos:
- Níveis da Pirâmide Hierárquica das Necessidades de Maslow: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades sociais, necessidades de estima e necessidades de autorrealização.
- Teoria dos Dois Fatores: diferenças entre os fatores motivacionais (ligados à satisfação dos indivíduos) e os fatores higiênicos (ligados à insatisfação dos indivíduos).
- Teoria “X” e “Y”: A Teoria “X” vê os trabalhadores como recurso de produção, enquanto a Teoria “Y” os vê como um ponto importante no sistema produtivo.