“Sou todo incoerências. Vivo desolado, abatido, parado de energia, e admiro a vida, entanto como nunca ninguém a admirou!” - Mário de Sá-Carneiro, poeta e contista português
Coesão e coerência são elementos fundamentais para a construção de um bom texto. Para que um discurso tenha êxito, seja oral ou escrito, ele deve construir um significado, ou seja, precisa ter coerência. Para tanto, deve-se usar elementos que estabeleçam ligação entre as partes, isto é, que confiram coesão ao discurso.
Chamamos de coesão os elementos conectivos que criam as relações de sentido dentro do texto. O uso inadequado desses elementos pode causar a falta de coerência. Podemos dizer então que o elemento conectivo tem o poder de determinar a coerência textual. Vejamos o exemplo de duas informações transmitidas separadamente:
Apesar de haver sentido entre as orações, não há nenhum elemento conectivo para estabelecer uma ligação entre elas. O ponto final faz uma separação entre as duas orações. Vamos acrescentar um elemento coesivo para que o texto fique articulado. Temos duas opções:
Qual é o conectivo correto?
Se a sua escolha foi a alternativa a), você acertou, pois o conectivo “portanto” indica uma conclusão. “Entretanto” é uma adversativa e quer dizer “mas, porém, todavia”.
E se eu quisesse usar o conectivo “entretanto”, faria sentido? Não. Para isso, eu teria que alterar a oração, assim:
Ontem choveu, entretanto, fui à praia - há coerência.
Podemos então resumir que coesão tem a ver com a estrutura da oração e coerência tem a ver com o sentido dela - e, claro, uma está ligada à outra.
Os conectivos são responsáveis por estabelecer relações de sentido entre segmentos de um texto (palavras, frases, parágrafos, etc.). Os principais conectivos são as conjunções e as locuções conjuntivas. Antunes (apud Silva, 2017), apresenta duas funções fundamentais para o estudo da coesão e dos conectivos: a) entender que os conectivos são elementos de ligação de partes do texto e b) esses elementos indicam uma relação de sentido e de orientação argumentativa.
Vamos estudar essas relações de sentido:
É aquela que expressa uma causa para o fato apresentado. As conjunções aqui utilizadas são: porque, pois, por isso, já que, visto que, uma vez que, etc.
NÃO VOU AO CINEMA PORQUE ESTOU SEM DINHEIRO.
CAUSA: ESTOU SEM DINHEIRO
CONSEQUÊNCIA (FATO APRESENTADO): NÃO VOU AO CINEMA.
A relação se condicionalidade se dá quando um segmento expressa uma condição para que outra coisa aconteça. São orações com conjunções condicionais: se, caso, contanto que, a menos que, salvo se, desde que, etc.
SE EU TIVESSE DINHEIRO, IRIA AO CINEMA.
CONDIÇÃO ANTECEDENTE: SE EU TIVESSE DINHEIRO
CONSEQUÊNCIA HIPOTÉTICA: EU IRIA AO CINEMA
Expressa uma relação de tempo por meio de conectivos tais como quando, assim que, logo que, enquanto, cada vez que, etc.
QUANDO EU TIVER DINHEIRO, EU IREI AO CINEMA.
CONDIÇÃO: TER DINHEIRO
CONSEQUÊNCIA: IR AO CINEMA
A finalidade se estabelece quando há uma relação intenção x objetivo, finalidade, propósito. Os conectivos usados são os do grupo do “para”: para, para que, a fim de, a fim de que, etc.
QUERO TER DINHEIRO PARA IR AO CINEMA
OBJETIVO: TER DINHEIRO
FINALIDADE: IR AO CINEMA
É quando um conteúdo expresso em um segmento se opõe ao conteúdo do outro segmento. A relação de oposição está em frase que contenham conjunções adversativas e concessivas, tais como mas, porém, no entanto, embora, apesar de, etc.
QUERO IR AO CINEMA, PORÉM, NÃO TENHO DINHEIRO.
CONTEÚDO 1: DESEJO DE IR AO CINEMA
CONTEÚDO DE OPOSIÇÃO: NÃO TER DINHEIRO
Na relação de adição, ocorre a inclusão de mais um elemento - um item ou argumento. Contém conjunções aditivas, do grupo do “e”, que inclui o também, ainda, além de, além disso, nem, etc.
EU TENHO DINHEIRO E VOU AO CINEMA!
ELEMENTO 1: TENHO DINHEIRO
ELEMENTO 2: E TAMBÉM VOU AO CINEMA
Como o nome deixa claro, essa relação de coesão tem a ver com a conclusão de um algo a partir das proposições presentes em um segmento anterior do texto. É o grupo do “portanto”: logo, sendo assim, dessa forma, então, etc.
EU TENHO DINHEIRO, PORTANTO, VOU AO CINEMA.
PROPOSIÇÃO: TENHO DINHEIRO
CONCLUSÃO: VOU AONDE EU QUISER
O estudo dos conectivos é cobrado em praticamente todos os concursos públicos. Nos editais, a matéria a ser estudada aparece com o nome de “Relações Lógico-Discursivas”, e também é o que deve ser estudo quando exigem o tópico “Coesão e Coerência”. Conectivos podem aparecer tanto em questões de gramática quanto serem cobrados na escrita das questões dissertativas - as temidas redações. Quer um exemplo? Nunca se deve começar o último parágrafo da redação com uma conjunção adversativa, por exemplo. Esse parágrafo é chamado de “Conclusão”, logo, deve ser iniciado com uma conjunção conclusiva. Do contrário, a argumentação perde a coerência por não ter um elemento de coesão correto e o candidato perde pontos na prova.
Veja abaixo uma tabela com os principais conectivos e suas respectivas relações. A maioria já foi explicada neste presente tópico; o restante, deixo com vocês, estimados!
Fonte: Silva, 2017
O link nos leva ao texto “Coerência textual: um estudo com jovens e adultos”, um artigo que examinou se o estabelecimento da coerência textual está relacionado à aquisição da leitura e da escrita com jovens e adultos, em processo de alfabetização, em uma situação de produção de texto.
Acesse:Disponível aqui
Para complementar seus estudo assista a videoaula a seguir:
Veja as referências utilizadas pelo(a) autor(a). Você pode ainda enriquecer seu aprendizado com os materiais complementares.
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Livro
Autor: Marcos Bagno
Sinopse: O preconceito, seja ele de que natureza for, é uma crença pessoal, uma postura individual diante do outro. Qualquer pessoa pode achar que um modo de falar é mais bonito, mais feio, mais elegante, mais rude do que outro. No entanto, quando essa postura se transforma em atitude, ela se torna discriminação e esta tem de ser alvo de denúncia e de combate. No caso da língua, é imprescindível que toda cidadã e todo cidadão que frequenta a escola (pública ou privada) receba uma educação linguística crítica e bem informada, na qual se mostre que todos os seres humanos são dotados das mesmíssimas capacidades cognitivas e que todas as línguas e variedades linguísticas são instrumentos perfeitos para dar conta de expressar e construir a experiência humana neste mundo. Este livro já é um clássico brasileiro sobre esse assunto tão delicado de se abordar. Vale a pena ler.
Livro
Autor: Magda Bahia Schlee
Editora: Alta Books
Sinopse: É muito comum ouvirmos dizer por aí que o português é uma língua difícil. Curioso é que muitas das pessoas que dizem isso usam o português no seu dia a dia para interagirem umas com as outras sem maiores problemas. Mas então que português é esse tão difícil assim? Na verdade, a grande dificuldade que muitos falantes têm em relação à língua portuguesa se concentra em uma de suas variedades, a chamada variedade padrão.
Este livro aqui trata justamente dessa variedade, que costuma nos dar uma certa dor de cabeça. Isso ocorre porque esse é o padrão de linguagem usado em situações formais, mais distantes do uso coloquial que fazemos da nossa língua. Essa variedade se deduz fundamentalmente dos usos da língua em textos escritos e dos usos de grupos sociais com alto grau de escolarização, e também das situações de interação em que há maior formalidade entre os interlocutores.
Em linguagem acessível, este manual apresenta os mecanismos básicos que constituem a língua portuguesa.
Livro
Manual de Redação e Estilo do Estado de S. Paulo
Autor: Eduardo Martins
Editora Moderna
Sinopse: Consagrado conjunto de normas da imprensa brasileira, que ultrapassa a fronteira do papel para o mundo online, o Manual de redação e Estilo do Estado cumpriu essa trajetória exatamente porque sua utilidade não é restrita às redações de jornais e revistas.
De autoria do jornalista Eduardo Martins, com 40 anos dedicados ao ofício de moldar textos na Redação do Estado, o Manual chega agora à terceira edição impressa. Cada um dos seus verbetes traz a experiência de quem chefiou incontáveis editorias no jornal, foi seu secretário de Redação e já por oito anos auxilia a Direção da Redação no controle de qualidade dos textos publicados. Indispensável para que quer aprimorar sua escrita, pois funciona como um tira-dúvidas rápido e eficaz.
Filme
Sentidos do Amor
Ano: 2011
Sinopse: O filme conta a história de Susan (Eva Green), uma epidemiologista que acaba de sair de um péssimo relacionamento, enquanto Michael (Ewan McGregor) é um chefe de cozinha que não liga muito para o que as outras pessoas querem. Ambos se conhecem em um momento conturbado para a humanidade, pois por causa de uma doença que se espalha pelo planeta, as pessoas vão gradativamente perdendo os cinco sentidos (olfato, paladar, audição, visão e tato).
Comentário: Apesar da tradução melosa do título em português (Sentidos do Amor), não se trata exatamente de uma história de amor, mas sim, da forma que vemos o mundo e como nos comunicamos. Você imagina como seria suas relações pessoais se um dia você perdesse o olfato, depois a audição, no outro o paladar, no outro o tato, e assim sucessivamente?
Filme
A Chegada
Ano: 2016
Em A Chegada, Amy Adams interpreta Louise Banks, uma linguista brilhante convocada pelo governo americano para se comunicar com os alienígenas que estacionaram suas naves em diversos pontos do mundo. A Dra. Banks lidera a equipe que tenta desvendar o que eles querem. “Seria maravilhoso ter uma língua universal. Mas estamos bem longe disso”, diz Adams. “O que temos em comum são as emoções e nossa experiência humana. Somos todos iguais. Todos temos medos, compaixão, amor, raiva. Mas não sabemos nos comunicar.”
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Você gosta de filmes e séries? Veja aqui 14 filmes que o Guia de Estudantes listou para quem gosta ou quer entender um pouco mais dos mecanismos de comunicação nas áreas sociais, políticas, empresariais, virtuais e jornalísticas.
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Indispensável para quem escreve em uma base diária, o dicionário da língua portuguesa também serve como gramática e conjugador verbal. Veja na página do link abaixo 5 dicionários online gratuito, entre eles o Michaellis, o Aurélio e o Priberam:
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Quer incrementar seu repertório cultural e ainda se inspirar profissionalmente sobre a habilidade de negociar?
Destaque para “Erin Brockovich: Uma Mulher de Talento”, baseado na história real de Erin (Julia Roberts), mãe solteira, advogada assistente, que tem a árdua tarefa de combater uma grande empresa de bilhões de dólares, responsável por poluir a água da cidade e comprometer a vida de milhares de pessoas.
No começo, Erin não é levada a sério, mas ela insiste nas investigações e em conhecer melhor as pessoas que são vítimas diretas da empresa. Com o tempo, ela ganha o respeito da população e leva adiante um dos maiores casos da história dos Estados Unidos. Uma bela lição de negociação com determinação.
Veja neste blog 11 FILMES SOBRE NEGOCIAÇÃO:
BORGES, Roberto Cabral de Mello. Técnicas de Apresentação. UFRGS. 2003.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1996.
CHIAVENATO, I. Recursos Humanos: O Capital Humano das Organizações. 8.ed. São Paulo: Atlas, 2006.
DIONÍSIO ET AL. Oratória. 1 ed. Curitiba: IESDE Brasil, 2012.
FRANÇA, Ana Shirley. Comunicação Escrita nas Empresas: teorias e práticas. São Paulo: Editora Atlas, 2013.
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: Leitura e redação. 18 ed. São Paulo: Editora Ática, 2006.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 2005.
KOBS, Verônica Daniel. Interpretação de textos. Curitiba: IESDE, 2012.
KOCH, Ingedore e ELIAS, Vanda Maria. Ler e Escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009.
KUNSCH, Margarida M. Krohling (org.) Comunicação organizacional: Linguagem, gestão e perspectivas. Vol. 2. São Paulo, SP. Saraiva, 2009.
______. Comunicação organizacional: conceitos e dimensões dos estudos e das práticas In: MARCHIORI, Marlene. Faces da cultura e da comunicação organizacional. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2006.
NASCIMENTO, E. L. Concordância e Regência. Curitiba: IESDE Brasil, 2012.
RIZZO, C. Marketing pessoal no contexto pós-moderno. Livro eletrônico. 4. ed. São Paulo: Trevisan Editora, 2017.
ROSENTHAL, Marcelo. Gramática para concursos. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
TERCIOTTI, Helena, S. Comunicação Empresarial na Prática. 3ª Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2013.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. Martins Fontes: São Paulo, 2017.
Reitor
Márcio Mesquita Serva
Pró-Reitor de Graduação
José Roberto Marques de Castro
Direção do Núcleo de Educação a Distância
Paulo Pardo
Coordenação do Curso
Ana Lívia Cazane
Organização de conteúdo
Ana Lívia Cazane
Autoria
Juliana Spadoto
Revisão
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